O ESPAÇO URBANO NA CRÔNICA “VIADUTOS” DE DRUMMOND

Autores

  • Leíza Maria Rosa UFTM

Resumo

A intenção deste estudo é relatar como o espaço urbano se apresenta de forma problemática na crônica “Viadutos”, de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma topoanálise, termo proposto anteriormente por Gaston Bachelard no livro “A poética do espaço”, mas aqui discutido de acordo com as considerações de Borges Filho (2007). Para tal análise se fez necessário dialogar com os dois autores acima citados, dentre outros, apontando no texto questões como as funções do espaço, os microespaços, politopia, topofilia, topofobia e a predominância dos cenários. O texto analisado é uma crítica social sobre a condição econômica de uma parcela da população urbana, o que obriga muitas pessoas a sobreviverem nas ruas, dormindo embaixo de viadutos e fazendo desses locais suas casas. O texto é composto de um diálogo entre dois moradores de rua do Rio de Janeiro. Eles discutem a organização dos viadutos por parte dos ocupantes desse espaço, uma ironia fina representada na linguagem das personagens ao fato de que, morar num viaduto passou a ser uma situação tão comum nas grandes cidades, que esses locais são tratados como propriedades privadas de quem ali vive. Num texto em que o espaço está presente já no título, as funções aparecem claramente, é quase possível dizer que as personagens são usadas como coadjuvantes de um protagonista principal, o espaço, aqui representado pelos viadutos. É a partir desse cenário que se tece a crítica de todo o texto, através de uma linguagem popular e, ao mesmo tempo, irônica.

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