QUARTO DE DESPEJO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Autores

  • Lara Gabriella Alves dos Santos UFTM

Resumo

Carolina Maria de Jesus em sua literatura mostra sempre uma síntese de si, a imagem que tem dela própria e a de outros que compartilhavam de sua mesma condição.  Nesse caso, os outros em questão são os indivíduos que como ela, habitava na extinta favela do Canindé na cidade de São Paulo ou viviam em condições de subalteridade na sociedade brasileira. Um relato do cotidiano direto e cru, onde se constrói uma representação forte e única da dinâmica social urbana, vista por aqueles que foram lançados à margem. Este trabalho pretende descrever alguns dos aspectos espaciais da obra Quarto de Despejo- Diário de uma favelada a partir de contribuições teórico metodológicas da Topoanálise. O texto em forma de diário apresenta a realidade em que a narradora/personagem vive naquele lugar, e suas impressões sobre o mesmo. Espaço que se constrói e se valida por representações sociais, e que através da obra de Carolina se transforma em documento sociológico legitimo. O espaço da narrativa, a favela, é apresentado por Carolina como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, onde por varias vezes descreve ter a impressão de estar no inferno. Para Carolina de Jesus a favela não é parte da cidade, mas sim uma úlcera na mesma. Por mais que o cenário e as perspectivas com relação às favelas mudem, elas ainda seguem em sua condição de degradação do sujeito. É em seu barraco e com sua escrita que Carolina busca a reterritorialização, seu espaço íntimo, resguardada da hostilidade exterior. 

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