Uma leitura de “Pierre Menard, autor del Quijote”, de Jorge Luis Borges, sob a perspectiva barthesiana da fruição

Resumo

Em O prazer do texto (1973), Roland Barthes propõe uma reflexão em torno dos textos de prazer, que seriam aqueles que estão ligados a uma prática confortável de leitura, e os textos de fruição, que fazem vacilar as bases históricas, culturais e psicológicas do leitor e o fazem entrar em crise com a própria linguagem. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho reside em discutir as particularidades dos textos de fruição a partir da análise do conto “Pierre Menard, autor del Quijote”, do escritor argentino Jorge Luis Borges, cuja estrutura pode ser facilmente confundida com a de um ensaio por um leitor mais ingênuo. Para tanto, o aporte teórico utilizado consiste, além na obra barthesiana, nas contribuições de críticos que se debruçam sobre a obra de Borges, como Alcaraz (2005), Barbosa (2001), Moreira (2012) e Piglia (2001). Dessa forma, por meio da análise do conto, é perceptível a ironia de Borges ao sugerir o possível caráter ficcional de um ensaio através problematização das fronteiras entre ficção e realidade. O argentino também conta com a figura de um leitor mais desatento, que se perde entre as diversas pistas deixadas ao longo do texto que apontam para seu caráter fictício.

Palavras-chave: Roland Barthes; Jorge Luis Borges; fruição [jouissance]; literatura latino-americana; conto.