ANÁLISE DA FAUNA SILVESTRE DE VERTEBRADOS ATROPELADA EM RODOVIAS NO SUDOESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
DOI:
https://doi.org/10.18554/acbiobras.v8i2.8688Palavras-chave:
Atropelamentos, Estradas, Colisões com veículos, CarcaçasResumo
A malha rodoviária do estado de São Paulo está entre as mais extensas do Brasil, com ocorrência de 21.929 atropelamento de animais entre os anos de 2010 e 2024. Diante disso, o presente estudo visou identificar e quantificar a fauna silvestre de vertebrados atropelada em rodovias do Sudoeste do estado de São Paulo. Foram realizados dois monitoramentos semanais entre maio e novembro de 2023, sendo a extensão de 20 km percorridas durante o período matutino por duas pessoas. Foram registradas 142 carcaças com média de 0,057 atropelamentos por km percorrido, sendo setembro o mês com mais espécimes registradas (n = 32). A Classe com maior registro de atropelamentos foi Aves com 38,06% (n = 54). A taxa diária (0,114 ind./km/dia) e anual (41,61 ind./km/ano) de atropelamento foi superior as taxas registradas por recentes estudos. Anfíbios (42,10%) e Aves (35,19%) tiveram maiores registros em áreas de agricultura, Mamíferos (48,65%) em áreas de formação florestal e répteis em áreas de formação florestal e pastagem, ambas com 33,33%. Nosso estudo evidenciou que a taxa de atropelamento de vertebrados se mostrou maior em relação a outros trabalhos para o estado de São Paulo, assim como para outras regiões do país e indicamos as espécies mais vulneráveis a atropelamentos nessa interseção de Cerrado e Mata Atlântica. Ademais, recomendamos implementações de medidas mínimas nos pontos de maiores impactos a fauna, principalmente nas áreas de formações florestais, tais como sinalização, redutores de velocidade, passagens de fauna, além de campanhas de conscientização ambiental para a prevenção de atropelamentos.
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