Fatores de risco e proteção decorrentes do uso de crack na capital do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.18554/refacs.v11i3.7255Palavras-chave:
Cocaína crack, Fatores de proteção, Fatores de risco, Saúde pública, Saúde mentalResumo
Objetivo: identificar os fatores de risco e proteção em usuários de crack de um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas III. Método: pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória com aplicação de entrevista semiestruturada com usuários de crack, de ambos os gêneros e idade superior a 18 anos no Distrito Federal. Utilizou-se análise discurso e categorização. Resultados: emergiram cinco categorias: Efeitos físicos e psicológicos; O contexto do uso de crack: forma de uso e locais de compra; O uso de preservativo; As situações de violência associadas ao contexto de uso de crack; Rede social: família e amigos; O CAPS como dispositivo de cuidado. Os dados evidenciaram os fatores de risco nas situações de vulnerabilidade social, comprometimento da saúde física, mental e sexual, na qualidade da substância e no estilo de vida, no qual o comportamento individual sofre insurgências do grupo social e da violência que permeia o uso de crack. A família e amigos foram considerados fatores de proteção nas relações paradoxais e frágeis em função da confiança. O Centro de Atenção Psicossocial foi destaque no tratamento diferenciado como fator de proteção na perspectiva da clínica ampliada. Conclusão: o conhecimento dos fatores de risco e proteção permite a proposição de estratégias preventivas, orientadas pelas trajetórias de vidas e contexto psicossocial alinhadas com a proposta de redução de danos e da atenção integral em saúde, de forma intersetorial e multidisciplinar.
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