“Estão aqui porque é o último caminho”: dinâmica em instituição de longa permanência para idosos
DOI:
https://doi.org/10.18554/refacs.v12i3.7986Palavras-chave:
Instituição de longa permanência para idosos, Idoso, Assistência terminal, Morte, Pesquisa qualitativaResumo
Objetivo: identificar os aspectos estruturais e a dinâmica do cuidado em uma instituição de longa permanência para idosos. Método: trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em uma instituição pública de longa permanência para idosos de um município no sul do Brasil, desenvolvida entre setembro e novembro de 2023. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada com profissionais da instituição, com uso da observação participante e do registro fotográfico. Os dados foram gerenciados no programa Atlas.ti e submetidos à análise de conteúdo. Resultados: os cinco profissionais entrevistados possuíam pouca ou nenhuma experiência de cuidado a idosos. Quanto aos idosos, estavam institucionalizados por negligência, abandono e/ou violência, e possuíam, em geral, doenças relacionadas a transtornos mentais. Estruturalmente, a instituição não se assemelha a um ambiente hospitalar, mas também se distancia do que pode ser considerado uma residência familiar. A dinâmica de cuidado é baseada na rotina ditada pela instituição e pela disciplinarização dos corpos. Uma das unidades temáticas elencadas foi: “Eles estão aqui porque é o último caminho”: as pessoas, os espaços, as relações. Conclusão: os idosos institucionalizados sujeitam-se a viver a finitude em um ambiente limitado, de quebra de vínculo familiar e social, perda de autonomia e liberdade. O abandono familiar, a solidão, a quietude e o isolamento social levam a acreditar que o fim da vida é apenas esperar que o momento da morte chegue, e, enquanto esperam, ficam em frente às televisões. Apesar disso, identificou-se ações para a promoção do bem-estar dos idosos, atendendo às necessidades individuais.
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