Do Projeto Terapêutico Singular ao Projeto de Reabilitação Psicossocial
percepção de profissionais de saúde mental
DOI:
https://doi.org/10.18554/refacs.v13i00.8558Palavras-chave:
Intervenção psicossocial, Saúde mental, Serviços comunitários de saúde mentalResumo
Objetivo: analisar as percepções de profissionais de saúde mental sobre o projeto de reabilitação psicossocial. Método: estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa, realizado em 2023, por meio de grupo focal com profissionais de saúde mental de nível superior atuantes em um Centro de Atenção Psicossocial do interior de São Paulo. Os dados foram transcritos e analisados por meio da análise temática proposta por Braun e Clarke, com suporte do software Atlas.Ti. Resultados: participaram oito profissionais e emergiram os temas: 1) Sentidos atribuídos à reabilitação psicossocial e projeto de reabilitação psicossocial pelos profissionais de saúde mental do CAPS III; e 2) Projeto de reabilitação psicossocial: definição, potencialidades, instrumento de cuidado e dificuldades. Verificou-se que a reabilitação psicossocial se relaciona à reconstrução da autonomia, funcionalidade e vida comunitária das pessoas com transtornos mentais. Por sua vez, o projeto de reabilitação psicossocial foi considerado uma ferramenta de cuidado e de articulação entre os serviços de saúde mental, mas sua efetividade se condicionaria à valorização dos profissionais acerca da singularidade das pessoas com transtornos mentais. Os principais entraves identificados foram: imprecisão política, comunicação fragmentada entre os serviços, subfinanciamento dos Centros de Atenção Psicossocial, dependência familiar das pessoas assistidas, estigma e marcadores sociais limitando o acesso. Conclusão: a efetivação do projeto de reabilitação psicossocial é atravessada por barreiras estruturais, sociais e políticas. O fortalecimento da reabilitação psicossocial como política pública e sua valorização como ferramenta distinta e estruturante do cuidado, assim como, a superação de desigualdades sociais e estigmas são essenciais para a promoção da cidadania, autonomia e inclusão social das pessoas com transtornos mentais.
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