Escrita, Variação Linguística e Interculturalidade: diálogos a partir de cooperações acadêmicas
DOI:
https://doi.org/10.18554/ifd.v8i4.6140Resumo
A leitura e a escrita ensinadas na universidade e na escola, envolvendo questões relacionadas à variação linguística e aos aspectos interculturais que compõem a sociedade contemporânea, têm mobilizado um amplo e diverso grupo de pesquisadores cadastrados na UFTM e no CNPq, sendo eles: o Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso, Leitura e Escrita (GEPADLE), o Grupo de Estudos e Pesquisas em Interculturalidade e Educação em Ciências (GEPIC) e o Grupo de Estudos Variacionistas (GEVAR) – em parceria com outras instituições nacionais (como UFBA, UFU, UFMA, UFPA, UFRN, USP e IFRO) e internacionais (como da Angola, Argentina, Colômbia e Moçambique).
Docentes e discentes desses grupos organizaram, em 2020, em formato virtual devido à pandemia da Covid-19, a terceira edição do “Colóquio sobre Escrita, Variação e Interculturalidade: estudos e pesquisas” (CEVLI), ocorrido em conjunto com a “I Roda de Conversa sobre Cooperação Acadêmica Brasil – África”, que teve por objetivo debater os temas relacionados às três palavras-chaves presentes na primeira parte do nome do evento. Esse dossiê resulta dos trabalhos apresentados nesse evento e posteriormente submetidos à revista, bem como da abertura desse número a outros textos que atendessem ao escopo geral desse periódico.
Como a leitura e a escrita na universidade e na escola se configuram como um recurso constitutivo de conhecimento em diferentes áreas e, consequentemente, formativas do sujeito que as produzem? Esta tem sido uma questão central para se lidar com os problemas encontrados no campo da produção de conhecimento científico e escolar na atualidade e do papel que as práticas nessas instâncias desempenham no tensionamento ou não das problemáticas emergentes desse campo. Isso vem se dando à luz da perspectiva de que “para se ensinar a leitura e a escrita como produção é necessário que ambas sejam garantidas a todos como um direito, a começar por quem vai ensinar” (BARZOTTO, 2016, p. 12).
Num período em que o Brasil enfrenta o esvanecimento do valor do conhecimento e o anti-intelectualismo, esses projetos se operacionalizam na sociedade sobretudo a partir de reformas políticas educacionais, as quais têm retirado do professor o papel histórico de intelectuais do campo educacional e representado a negação do conhecimento historicamente acumulado, ao mesmo tempo em que se reproduz naquilo que é instrução voltada para a padronização e para o mercado (ALBUQUERQUE et. al., 2021).
Este dossiê demonstra como que, ainda diante deste obscurantismo, ganham relevância práticas e pesquisas que tomam a constituição escrita da atividade científica e escolar, sobretudo em práticas de ensino em distintos níveis e ambientes formativos, como objeto heterogêneo de produção de conhecimento, com abordagem variacionista dos discursos e atenção às singularidades que colocam em discussão a construção hegemônica da ciência moderna.
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