Aspectos da construção da textualidade e os elementos de referenciação em textos do 6º ano
DOI:
https://doi.org/10.18554/ifd.v11i1.8101Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar a escrita narrativa, quanto aos fatores de textualidade e aos processos de referenciação, com enfoque no funcionamento do texto, na construção, ou na não construção de textos e na progressão textual, tendo em vista que o produto final de qualquer texto é a comunicação e a interação entre locutor e locutário, envolvendo a compreensão, a interpretação e o desenvolvimento da formação do espírito crítico. O objetivo geral deste artigo é aprofundar a reflexão sobre as estratégias cognitivo-interacionais de leitura. Neste estudo são apresentados textos de discentes, acompanhados de análises, com observações quanto aos fatores de textualidade e aos processos de referenciação, com fundamentos teóricos, que o norteiam. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), CBC (Currículo Básico Comum do Ensino Fundamental) de Língua Portuguesa, da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, também citados neste trabalho, ratificam a afirmação anterior: “ensinamos linguagem, não para “descobrir” o verdadeiro significado das palavras ou dos textos, nem para conhecer estruturas abstratas e regras de gramática, mas para construir sentidos, sempre negociados e compartilhados, em nossas interações. Nosso conceito de natureza e de sociedade, de realidade e de verdade, nossas teorias científicas e valores, enfim, a memória coletiva de nossa humanidade está depositada nos discursos que circulam na sociedade e nos textos que os materializam. Textos feitos de gestos, de formas, de cores, de sons e, sobretudo, de palavras de uma língua ou idioma particular. Assim, a primeira razão e sentido para aprender e ensinar a disciplina está no fato de considerarmos a linguagem como constitutiva de nossa identidade como seres humanos, e a língua portuguesa como constitutiva de nossa identidade sociocultural”. Neste artigo são consideradas as afirmações de Ciulla (2008), na obra Os processos de referência e suas funções discursivas - universo literário dos contos: “a referenciação é um processo que depende de uma série de atividades cognitivas e sociais que se estabelecem no momento da interação”. Mas, segundo ele, as expressões referenciais também precisam de uma definição que comporte essa fluidez; e, uma das características que emprestam mobilidade, não somente às anáforas, mas a todas as expressões referenciais de um modo geral, é o fato de que parece não haver vínculo entre a forma e o tipo de expressão. Ao analisar a construção da textualidade dos textos apresentados, foram considerados os conceitos de que, primeiramente, o processo de referenciação não pode ser visto apenas como um procedimento de acesso a informações. Segundo que, a interação é uma atividade fundamental no processo referencial, pois é preciso refletir sobre os textos com a ideia de que o sentido se completa na negociação que é realizada pelos falantes durante o ato de comunicação. Mas outros elementos são levados em conta, como por exemplo, em um processo de referência, percebe-se quando os alunos mostram como os falantes interagem com os objetos do mundo. Sobre isto, é citado Marcuschi (2004): “Tudo indica que o melhor caminho não é analisar como representamos, o que representamos nem como é o mundo ou a língua e sim que processos estão envolvidos na atividade de referenciação em que a língua está envolvida. Não vamos analisar se o mundo é ou não discretizado nem se a língua é um conjunto de etiquetas ou não. Vamos partir da ideia de que o mundo e o nosso discurso são constantemente estabilizados num processo dinâmico levado a efeito por sujeitos sociocognitivos e não sujeitos individuais e isolados diante de um mundo pronto.” Os textos analisados neste artigo foram selecionados a partir da atividade “Recontando minha história lida”, com alunos do 6º ano. Cada aluno leu e transcreveu, resumidamente, uma história diferente. Ao analisar os textos, foi possível refletir sobre a importância das práticas de leitura e escrita, especialmente nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Percebe-se a necessidade das práticas porque contribuem para melhorar o desempenho e a prática do ato de ler, assim como melhorar o processo de escrita, em situações de ensino e aprendizagem. Isto é visto nos fatores de textualidade e nos processos de referenciação, que devem ser trabalhados para desenvolver a capacidade comunicativa escrita dos alunos. Por isso, Koch (2005) afirma que a referenciação constitui uma atividade discursiva. Essa perspectiva de análise postula uma visão não-referencial da língua e da linguagem. Isto possibilita criar uma instabilidade das relações entre as palavras e as coisas. Sendo assim, a realidade é construída, mantida e alterada não somente pela forma como nomeamos o mundo, mas pela forma como sociocognitivamente interagimos com ele.
Palavras-chave: Análise. Referenciação. Interação.
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