Por atos decoloniais e políticas emancipatórias: reflexões e autorreflexões críticas sobre impactos de políticas de formação de professores no ensino de línguas não-hegemônicas na educação básica bi/plurilínguística

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18554/ifd.v8i3.5790

Palavras-chave:

Formação Docente, Línguas Alóctones, Educação Básica, Plurilinguismo.

Resumo

Este estudo tece uma discussão crítica sobre o estado hodierno e futuro das políticas de formação de professores de línguas, e os impactos dessas nas redes públicas que ofertam educação bi/plurilíngue através de línguas não-hegemônicas (alóctones), com enfoque nas europeias (alemão e italiano) eslavas (polonês e ucraniano) e orientais (árabe, coreano, chinês, japonês e turco), cujas ofertas eram viabilizadas pelo recentemente extinto componente Língua Estrangeira Moderna (LEM), imposto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9494 em 1996, e que manteve, até então, caminho pérvio à oferta bi/pluri/multilíngue na Educação Básica (EB). O estudo é de caráter qualitativo, partindo, inicialmente, de uma metodologia de Revisão Sistema de Literatura (RSL) (ROTHER, 2007), através de análise crítica de textos que versam sobre formação de professores de línguas (BRASIL, 1996, 2001, 2018a, 2018b; NÓVOA, 1995; BAGNO, 2012), e o ensino de línguas alóctones nas redes estaduais de EB (DAMASCO, 2012; SILVA, 2017, 2021), rumo à autorreflexão (LARROSA, 2000; ZAMPERETTI, 2017) dos docentes atuantes sobre as perspectivas futuras desse ensino, face às novas dinâmicas educacionais. Para tanto, utilizamos instrumentos etnográficos para a coleta de dados por meio de um questionário distribuído pela plataforma online SurveyMonkey®, onde foi possível observar, pelos resultados apresentados, que os docentes, apesar dos esforços e confiança no que tange as suas competências, acreditam que as línguas minoritárias que lecionam não terão a mesma equidade que o inglês, e não mantém esperanças de que novas políticas para a carreira docente, através de outras línguas adicionais, ainda poderão emergir.

Biografia do Autor

Otávio de Oliveira Silva, Universidade de São Paulo

Pesquisador na área de Letras, Linguística Aplicada e Educação; Professor de Educação Básica II junto à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC-SP), na área de Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras Modernas - Japonês/Inglês); e, atualmente, Doutorando em Letras (Área de concentração: Estudos Linguísticos) junto ao Programa de Pós-graduação em Letras Estrangeiras e Tradução (PPG-LETRA) do Departamento de Letras Modernas (DLM) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), na linha de pesquisa ensino-aprendizagem/aquisição de línguas, desenvolvendo sua tese vinculada ao projeto de pesquisa "Atividades de aprendizagem no contexto de estudos bilíngues: a colaboração em foco", sob orientação da Profa. Dra. Mona Mohamad Hawi. É membro do GEELLE - Grupo de Estudos sobre Educação Linguística em Línguas Estrangeiras, coordenado pelo Prof. Dr. Daniel de Mello Ferraz (USP/FFLCH/DLM). Pós-graduado, com certificação em nível de Aperfeiçoamento, em Educação (Área de concentração: Ensino de Línguas) pelo Programa de Mestrado em Educação do Departamento de Educação da Universidade de Tsukuba (2019), com estudos pós-graduados avançados em Língua Japonesa, pelo Center for Education of Global Communication (CEGLOC), da mesma universidade ; Mestre em Letras (Área de concentração: Língua, Literatura e Cultura Japonesa), na linha de pesquisa Teoria e análise linguística em suas dimensões diacrônica e sincrônica, pelo Departamento de Letras Orientais (DLO) da FFLCH - USP (2017); Especialista em Linguística e Ensino de Línguas pela Universidade Estácio (2016); e, Graduado em Letras (Habilitação: Licenciatura em Português e Inglês) pelo Instituto de Ciências Sociais e Comunicação (ICSC) da Universidade Paulista (2010). Em linhas de pesquisa, tem interesse na área de Estudos Linguísticos, em especial, nos aspectos macrolinguísticos da linguagem, em uma perspectiva política, ativista e intervencionista da Linguística Aplicada, e da Sociolinguística (Política Linguística/ Glotopolítica), ancorado-se nos estudos de Louis-Jean Calvet, Einar Ingvald Haugen, Rainer Enrique Hamel, Jean-Baptiste Marcellesi e Louis Guespin, com enfoque em bilinguismo, plurilinguismo e multilinguismo na Educação Básica, com ênfase em políticas de desenvolvimento de componentes curriculares de Línguas Adicionais/Estrangeiras, materiais didáticos, e formação básica e continuada de docentes, que viabilizam práticas e atividades educativas transformadoras através de línguas/linguagens não-hegemônicas. Os estudos também ocorrem sob a ótica sociointeracionista da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASHC), oriunda dos trabalhos de Lev Vygotsky, Alexander Luria, Alexei Leontiev e Yrjo Engeström; e sob a perspectiva da filosofia da linguagem derivada dos estudos de Mikhail Bakhtin e seu Círculo. Também interessam temas ligados à Linguística Aplicada Crítica, como: Anticolonialismo, (De)colonialidade, Sul Global, Desconstrutivismo derridiano, Novos Letramentos, Letramento Visual, e Letramento Crítico em interface com a Educação Linguística. Profissionalmente, tem experiência em ensino, pesquisa e extensão na área de Letras e Linguística Aplicada com enfoque em Educação Linguística em Língua Portuguesa e Língua Estrangeira, nos níveis de Educação Básica (Ensino Fundamental - Anos Finais e Ensino Médio) e Superior. Foi pesquisador junto ao Laboratório de Educação Linguística da Faculdade de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado) do Departamento de Educação da Universidade de Tsukuba (Japão), através do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão (MEXT) (2017 - 2019).

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Publicado

2022-03-06

Edição

Seção

Decolonizando a pedagogia: um olhar do Sul