A infância clandestina em Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.18554/rs.v8i2.3936Palavras-chave:
Infância, Desenvolvimento Infantil, Clarice Lispector.Resumo
O objetivo deste artigo é discutir os sentidos sobre a infância nos contos Felicidade clandestina e Cem anos de perdão, de Clarice Lispector. Nessas obras, por meio de duas protagonistas meninas, Clarice retoma a sua infância no Recife-PE. Ao seguir em seu processo de socialização e de constante aprendizagem, depara-se com as sanções sociais que lhe trazem as noções de certo-errado e de comportamento considerado adequado a uma criança. A partir desses contos, destaca-se a emergência de uma infância povoada por interditos que podem ser contornados pela ligação com a literatura, de modo que a fruição estética apresenta-se como fator protetivo diante de vivências que despertam a angústia, como a descoberta da perversidade da amiga, ou do prazer associado à transgressão marcada pelo roubo de rosas e pitangas. A infância clandestina em Clarice pode ser apreendida em enredos que envolvem o roubo e o erotismo vivenciados às escondidas, denunciando esta etapa como uma experiência que nem sempre pode ser revelada. A redenção das protagonistas, em ambos os contos, revela uma infância não apenas permeada pela fantasia, em que tudo é possível, mas também uma infância concreta e com reverberações no desenvolvimento da Clarice-menina e, posteriormente, da Clarice-mãe e da Clarice-escritora.Referências
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