Memória e legado do trauma cultural no romance O caminho de casa, de Yaa Gyasi

Autores

  • Paula de Sousa Costa Universidade Federal de Campina Grande
  • Josilene Pinheiro-Mariz Universidade Federal de Campina Grande

DOI:

https://doi.org/10.18554/rs.v12i1.7298

Resumo

Estas reflexões têm como objetivo discutir acerca do trauma cultural originado pela histórica escravização de povos africanos retratados no romance O caminho de casa (2017), de autoria da ganesa Yaa Gyasi. Em nossa leitura, constatamos que a literatura afro-americana apresenta narrativas que permitem essa entrada e reconhecimento da história e da memória dos povos africanos, demonstrando seu teor testemunhal ao narrar a diáspora, a escravização e a formação do povo afro-americano. Nesse âmbito, discutiremos essa temática sob a perspectiva de Seligmann-Silva (2008), no que concerne ao teor testemunhal das narrativas de trauma e de Spaulding (2005), que ancora as discussões sobre as narrativas pós-modernas de escravidão. Entendemos, portanto, que o romance em estudo reflete sobre o trauma da escravização que maculou a identidade dos povos africanos. Assim, observamos que O caminho de casa reescreve a história, contribuindo para reconstrução da memória.

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Publicado

2024-06-24

Como Citar

de Sousa Costa, P., & Pinheiro-Mariz, J. (2024). Memória e legado do trauma cultural no romance O caminho de casa, de Yaa Gyasi. Revista Do Sell, 12(1), 77–94. https://doi.org/10.18554/rs.v12i1.7298