A VARIÁVEL SEXO/GÊNERO NA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE OS DADOS LINGUÍSTICOS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18554/it.v13i2.5122

Palavras-chave:

Sexo/Gênero, Sociolinguística, Concordância Verbal.

Resumo

Por muitos anos o sexo/gênero foi observado nos estudos sociolinguísticos como um condicionador social importante capaz de explicar a variação e mudança de um fenômeno linguístico. A tendência observada na maioria dos trabalhos sobre variação é que as mulheres utilizam mais que os homens as formas conservadoras, apontando, dessa forma, a preferência por variantes com maior prestígio. Entretanto, muitos estudos atestaram que as mulheres também são inovadoras, contrariando a tendência geral dos estudos sociolinguísticos. Isso se explicaria, portanto, com a mudança na estrutura social, uma vez que as mulheres de hoje estão andando a passos largos no alcance de paridade educacional e econômica com os homens, o que é um resultado do movimento feminista que advém de tempos passados e, felizmente, ainda conta com mulheres engajadas na mudança desse quadro social tão enraizado na nossa sociedade. O ponto que desejamos enfatizar neste trabalho, na verdade, é a maneira como devemos olhar para esses resultados de sexo/gênero. É preciso levar em consideração que os resultados dessa variável são, em muitos estudos, circulares, por falta de uma discussão mais acurada sobre o papel da variável no condicionamento, com construções de hipóteses previamente à realização da análise. Além disso, nos resultados de sexo/gênero, muitas das explanações são baseadas em generalizações cuja segurança é questionável, do ponto de vista estatístico (FREITAG, 2015, p. 39).

 

Biografia do Autor

Rafaela Regina Ghessi-Arroyo, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(UNESP/Ibilce)

Possui graduação em Letras Português-Espanhol pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM-Uberaba) (2017). É mestra em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Araraquara) (2020) e doutoranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (UNESP/São José do Rio Preto). Tem interesse por Sociolinguística e suas interfaces.

Larissa Campoi Peluco, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(UNESP/Araraquara)

Mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e doutoranda em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Araraquara). Possui graduação em Letras Português-Inglês pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM-Uberaba) (2013). Atualmente é professora da educação básica nos anos finais do Ensino Fundamental.

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Publicado

2021-01-31

Como Citar

GHESSI-ARROYO, R. R.; PELUCO, L. C. A VARIÁVEL SEXO/GÊNERO NA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE OS DADOS LINGUÍSTICOS. InterteXto, Uberaba, v. 13, n. 2, p. p.30–55, 2021. DOI: 10.18554/it.v13i2.5122. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/intertexto/article/view/5122. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS VOLUME TEMÁTICO: "Questões de gênero/sexo na linguística e na literatura"