AS CRÔNICAS EM SKETCHES BY BOZ, DE CHARLES DICKENS: UM GÊNERO HÍBRIDO QUE RETRATA O COTIDIANO ATRAVÉS DO HUMOR.
DOI:
https://doi.org/10.18554/rs.v5i2.1359Resumo
Resumo
Objetivo: Este trabalho tem por objetivo analisar os elementos que indicam o hibridismo no gênero cronístico, como os fatos biográficos, o texto jornalístico, o teatro, os aspectos histórico-culturais, incluindo o retrato humorístico, os quais influenciaram a construção dos temas e das comparações feitas desde o plano estrutural ao plano do conteúdo nas crônicas de CharlesDickens, em Sketches by Boz. Para tanto, foram selecionadas “The four sisters” (“As quatro irmãs”) e The misplaced attachment of Mr. John Dounce” (“O malfadado caso do Sr. John Dounce”). Essas crônicas apresentam temática diversa, porém contém o humor caraterístico de Dickens, o qual faz com que a efemeridade das crônicas dê lugar a personagens que apresentam temas universais e pertinentes para a atualidade, pois com uma observação da vida real, da rotina de ruas em Londres, da paróquia, de uma vizinhança cheia de preocupações com a vida alheia, ele formou um retrato dos costumes da burguesia vitoriana de classe média, puritana e hipócrita.
Quadro-teórico e metodológico: Essa pesquisa baseia-se em teóricos como Arnt (2004), Gancho (2004), Hunter (2007), Gissing (2012), Jordan (2001), Kapplan (2013), Meyer (1996), Mouta (1996), Rollemberg (2003), Schneider (2011) e Watt (1990), os quais discorrem a respeito de elementos da narrativa (crônicas/short stories), da influência de aspectos históricos, culturais e sociais nos textos cronísticos e em sua forma enquanto gênero literário híbrido. Aborda-se, também, a questão da construção do humor em narrativas, segundo a concepção apresentada por Mouta (1996), que o define a partir de diversos estudos linguísticos e o apresenta como parte do discurso sob diversas formas: a troça, o sarcasmo e a ironia, afirma, ainda, que o humor é resultado direto da relação com o contexto social e cultural.
Resultados: O interesse em pesquisar as crônicas de Dickens partiu da importância que esse gênero assumiu na literatura através dos jornais, o que possibilitou a discussão da crônica como gênero literário no final do século XIX. O cronista, segundo Schneider (2011) “toma algum assunto, sério ou trivial, e o transforma em tema de discussão. Neste ponto, a crônica pode ser política, trágica, irônica, humorística”, assim como o cronista pode assumir o papel “de historiador do cotidiano, mesmo que não esteja preocupado em fazer história”, pois, para esse tipo de escritor, relatar o cotidiano e notícias com uma “abordagem sociocultural” é uma atitude comum e que resulta de suas reflexões sobre esse cotidiano aliada ao tempo presente, demonstrando que “a relação da crônica com a história do cotidiano parece ser oportuna ao investigador”. Hunter (2007) afirma que a ideia de arte e ação criativa em crônicas (literary sketches/ short story) e contos (tales/ short story) possibilitaram que entre a brevidade do texto existisse a complexidade, diferentes formas e estruturas narratológicas aliadas à literatura, resultando num retrato de Londres, nos anos 1800, por meio de textos marcados pela descrição detalhista de situações corriqueiras, uma representação gráfica de personagens e cenas através do recurso humorístico, o qual faz com que o hibridismo e a efemeridade das crônicas dêem lugar a personagens que apresentam temas universais e pertinentes na atualidade.
Palavras-chaves: Charles Dickens; Crônicas; Gênero híbrido; História do cotidiano; Humor.
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