Figurações do herói épico em Solo para vialejo, de Cida Pedrosa

Abstract

Este trabalho analisa as configurações épicas em Solo para vialejo, de Cida Pedrosa. Através de uma pesquisa bibliográfica e do método dialético, a análise baseia-se em Platão (2001), Hegel (2004), Lukács (2007)) e Hansen (2008), com base em que se observa que a obra desestabiliza as formulações da epopeia clássica ao deslocá-la para um espaço de enunciação poética comprometido com a memória, a resistência e a coletividade. As ações heroicas não recaem sobre a figura do herói individualizado e glorioso, mas emergem em personagens anônimos e coletivos que, por meio da oralidade, da ancestralidade e da ligação com a terra, protagonizam gestos de sobrevivência e de afirmação identitária. Trata-se de uma concepção de heroísmo que rompe com os modelos canônicos, cujas ações não se vinculam à conquista ou à glória pessoal, mas à manutenção da cultura de sujeitos subalternizados. Solo para vialejo ressignifica as epopeias ao articular tradição e ruptura, transformando-as em espaço de resistência poética que amplifica experiências históricas silenciadas. A conclusão é que a obra atualiza o gênero épico ao transpor sua dimensão clássica para um horizonte contemporâneo, no qual o herói deixa de ser uma individualidade para tornar-se expressão coletiva.