Violação de direitos humanos e atenção humanizada: perspectivas de trabalhadores da rede de atenção psicossocial
DOI:
https://doi.org/10.18554/refacs.v9i0.5666Palavras-chave:
Saúde Mental, Direitos humanos, Serviços comunitários de saúde mental, Humanização da assistência.Resumo
Trata-se de estudo transversal, descritivo e qualitativo realizado em 2016 no interior de Minas Gerais, com o objetivo de analisar a compreensão de trabalhadores da atenção psicossocial acerca dos direitos humanos no cotidiano dos serviços. Utilizou-se questionários e grupo focal audiogravado e os dados foram interpretados por análise temática. Participaram quinze trabalhadores, sendo dois médicos, quatro assistentes sociais, cinco psicólogas, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, uma farmacêutica e uma nutricionista. Duas categorias foram construídas: Violação de direitos humanos; e Atenção humanizada. Como violações, citou-se: problemas no atendimento às urgências como violência física, contenções inadequadas; falta de acessibilidade aos serviços e aos direitos sócio assistenciais, preconceitos e estigmas. A atenção humanizada foi compreendida como abordagem ampliada da saúde e das necessidades dos usuários, autonomia, atividades de inserção comunitária, ampliação dos dispositivos de cuidado e trabalho em equipe. Embora revele avanços na efetivação do modelo de atenção psicossocial sinalizou-se a urgência de iniciativas voltadas à defesa de direitos humanos.
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