Conflitos socioambientais nas pesquisas em educação ambiental
processo educativo e transformação social
DOI:
https://doi.org/10.18554/rt.v15iEsp.6522Palavras-chave:
Banco de dados EArte. Conflitos socioambientais. Transformação social. Teses e dissertações brasileiras.Resumo
Neste artigo, procuramos explorar processos de construção de possíveis significados e sentidos nos textos de teses e dissertações (T&D) brasileiras em Educação Ambiental (EA), nas quais a ideia de transformação/mudança social foi mobilizada nos enunciados que tratavam da relação entre processo educativo e conflitos socioambientais (CSA). Trata-se de uma pesquisa documental inserida em um projeto mais amplo sobre o estado da arte da pesquisa em EA no Brasil. Os trabalhos foram selecionados no Banco de T&D desse projeto e as análises foram orientadas pelos referenciais teórico-metodológicos associados à perspectiva histórico-cultural e bakhtiniana. No texto, compilamos parte dos resultados que foram sistematizados na tese do primeiro autor. Destacamos que a ideia de transformação, presente nos enunciados de muitas T&D, está associada aos movimentos sociais. Ao explorar os CSA em processos educativos, as pesquisas enfatizam a possibilidade de construção da consciência crítica e/ou ambiental, emancipação e autonomia como processo de transformação. Em algumas T&D, a ideia de transformação foi significada como transformação não só do indivíduo, mas do conjunto da sociedade ou como ruptura dos atuais modelos de relação sociedade-natureza. Concluímos que os CSA, quando considerados e incorporados ao processo educativo, possibilitam aos atores sociais uma apropriação e construção de conhecimentos e saberes necessários para a transformação de sua realidade.
Referências
ACSELRAD, H. Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Fundação Heinrich Boll, 2004.
ACSELRAD, H. Ambientalização das lutas sociais – o caso do movimento por justiça ambiental. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 68, p.103-119, 2010.
ADORNO, T. W. Teoria da Semiformação. In: PUCCI, B.; ZUIN, A. A. S.; LASTÓRIA, L. A. C. N. (Orgs.). Teoria crítica e inconformismo: novas perspectivas de pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2010. p. 7-40.
AGUIAR, W. M. J.; OZELLA, S. Núcleos de significação como instrumento para a apreensão da constituição dos sentidos. Psicologia, Ciência e Profissão, Brasília, v. 26 n. 2, p. 222-245, 2006.
AGUIAR, W. M. J.; OZELLA, S. Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 94, n. 236, p. 299-322, jan./abr. 2013.
CANCIANI, M. L.; TELIAS, A. Aportes teórico-conceptuales para pensar los procesos educativos en escenarios de conflicto ambiental. Revista del IICE, Buenos Aires, [s.v.], n.34, p.111-122, 2013.
CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental e Movimentos Sociais: elementos para uma história política do Campo Ambiental. Educação: Teoria e Prática, Rio Claro, v. 9, n. 16, p. 45-56, jan./jun. 2001.
CARVALHO, L. M. A temática ambiental e o processo educativo: dimensões e abordagens. In: CINQUETTI, H. C. S.; LOGAREZZI, A. (Orgs.). Consumo e Resíduo: fundamentos para o trabalho educativo. São Carlos: EdUFSCar, 2006. p. 19-41 (Vol. 1).
CARVALHO, L. M. de; TOMAZELLO, M. G. C.; OLIVEIRA, H. T de. Pesquisa em educação ambiental: panorama da produção brasileira e alguns de seus dilemas. Caderno Cedes, Campinas, v. 29, n. 77, p. 13-2713, jan./abr. 2009.
CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015, 192 f. Tese (Livre docência em Educação Ambiental) - Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015.
CARVALHO, L. M.; KAWASAKI, C. S. Um panorama do estado da arte da pesquisa em Educação Ambiental no Brasil. In: ESCHENHAGEN, M. L.; CUARTAS, G. V.; MALDONADO, C. et al. (Orgs). Construcción de problemas de investigación: diálogos entre el interior y el exterior. 1ed. Medellín: Universidad Pontifica Bolivariana/Universidad de Antioquia: Medellin, 2018. p. 114-148 (Vol. 1).
CORDEIRO, B.; FISCHER, M. C. B. Por onde caminha o campo investigativo da educação popular? questões que orientam o debate atual. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.37, [s.n.], p.1-17, 2021. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/edur/a/Znfzj8M76zGkVHDTLy5NFWK/?lang=pt>. Acesso em: 29 dez. 2021.
FERREIRA, L. C.; FERREIRA, L. C. Limites ecossistêmicos: novos dilemas e desafios para o estado e para a sociedade. In: HOGAN, D. J.; VIEIRA, P. F. (Orgs.). Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentável. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995. p. 13-35.
FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 79, p. 257-272, ago. 2002.
FRANCO, M. A. R. S. Prática pedagógica e docência: um olhar a partir da epistemologia do conceito. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 97, n. 247, p. 534-551, set./dez., 2016.
FREITAS, M. T. A. . A pesquisa de abordagem histórico-cultural: um espaço educativo de construção de sujeitos. Teias, Rio de Janeiro, v. 10, [s.n.], p. 1-12, 2009.
LAYRARGUES, P.P. Educação Ambiental com compromisso social: o desafio da superação das desigualdades. In: LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, R.S. (Orgs.). Repensar a Educação Ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009. p. 11-31.
LOPES, J. S. L. A “ambientalização” dos conflitos sociais. In: LOPES, J. S. L. ANTONAZ, D.; PRADO, R.; SILVA, G. (Orgs.). A ambientalização dos conflitos sociais: participação e controle público da poluição industrial. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p.17-38.
MAGACHO, L. N.; CAVALARI, R. M. F. Movimentos sociais e educação ambiental: um estudo sobre teses e dissertações brasileiras. Ciência & Educação, Bauru, v. 25, n. 1, p. 93-109, 2019.
MEGID NETO, J.; CARVALHO, L. M. Pesquisas de estado da arte: fundamentos, características e percursos metodológicos In: ESCHENHAGEN, M. L.; CUARTAS, G. V.; MALDONADO, C. et al. Construcción de problemas de investigación: diálogos entre el interior y el exterior. Medellín: Universidad Pontifica Bolivariana/Universidad de Antioquia, 2018. p. 97-113 (Vol. 1).
MEGID NETO, J. Educação ambiental como campo de conhecimento: a contribuição das pesquisas acadêmicas para sua consolidação no Brasil. Revista Pesquisa em Educação Ambiental, Rio Claro, v. 4, n. 2, p. 95-110, 2009.
PORTO-GONÇALVES, C. W.; LEFF, H. Ecologia política na América Latina: reapropriação social da natureza, reinvenção de territórios e construção de uma racionalidade ambiental. In: LEFF, H. (Org.). Ecologia política: da desconstrução do capital à territorialização da vida. Tradução de Jorge Calvimonte. Campinas: Editora da Unicamp, 2021. p.429-468.
RIBEIRO, W. C. Teorias socioambientais: em busca de uma nova sociedade. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 68, p.9-13, 2010.
SEVERINO, A. J. A busca do sentido da formação humana: tarefa da Filosofia da Educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 619-634, set./dez. 2006.
SILVA, L. F.; CARVALHO, L. M. O ensino de Física a partir de temas controversos: a produção de energia elétrica em larga escala. Revista Interacções, Santarém-Portugal, [s.v.], n. 4, p.42-63, dez. 2006.
STRECK, D. R. Educação e transformação social hoje: alguns desafios políticos-pedagógicos. Revista lusófona de educação, Lisboa, v. 13, [s.n.], p. 77-84, 2009.
VIÉGAS, R. N. Conflitos ambientais e lutas materiais e simbólicas. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, [s.v.], n. 19, p. 145-157, jan./jun. 2009.
VOLÓCHINOV, V. (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.
ZHOURI, A. A Re-volta da ecologia política: conflitos ambientais no Brasil. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 7, n. 2, p. 211-213. 2004.
ZIZEK, S. Primeiro como tragédia, depois como farsa. Tradução: Maria Beatriz de Medina, São Paulo: Boitempo, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Triângulo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.