Previsão do tempo atmosférico e carta sinótica no Brasil

pedagogia e produção de credibilidade de um conceito.

Autores

  • Valéria Cazetta USP
  • Rogério Monteiro de Siqueira USP
  • Thiago Alves de Lima

DOI:

https://doi.org/10.18554/rt.v17i1.7346

Palavras-chave:

Meteorologia, Carta sinótica, História, Pedagogia

Resumo

Objetivamos, neste texto, compreender quando e como se deu a produção e introdução das cartas sinóticas nos jornais brasileiros, tomando como estudo de caso dois jornais de ampla circulação no Brasil: o Jornal do Commercio (RJ) e O Estado de S. Paulo. A finalidade dessas cartas era, além de representar a previsão do tempo atmosférico (ou meteorológico), ensinar à população leitora dos referidos periódicos como decodificá-las. Para tanto, perseguimos, em ambos os periódicos, desde as primeiras enunciações meteorológicas até o advento das cartas sinóticas. A hipótese de trabalho gira em torno do seguinte argumento: destinadas a instituir certa ideia de previsão do tempo atmosférico, tais cartas teriam também como finalidade produzir um duplo efeito no público leitor, qual seja, o de legitimar e, ao mesmo tempo, atribuir credibilidade a uma linguagem agora publicada em dois dos mais importantes jornais do país. Dentre as conclusões destaca-se a construção da crença, por meio de uma linguagem extremamente codificada, na previsão do tempo.

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Publicado

2024-05-01

Como Citar

CAZETTA, V.; SIQUEIRA, R. M. de; LIMA, T. A. de. Previsão do tempo atmosférico e carta sinótica no Brasil: pedagogia e produção de credibilidade de um conceito. Revista Triângulo, Uberaba - MG, v. 17, n. 1, p. 116–136, 2024. DOI: 10.18554/rt.v17i1.7346. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistatriangulo/article/view/7346. Acesso em: 2 jul. 2024.