Produção de conhecimento sobre o ensino de Português

o que a escrita dos estagiários pode nos dizer acerca disso?

Autores

  • Janaina Zaidan Bicalho Fonseca Universidade Federal do Triângulo Mineiro-UFTM

DOI:

https://doi.org/10.18554/rt.v16i1.6777

Palavras-chave:

Produção de conhecimento. Ensino de língua portuguesa. Escrita acadêmica.

Resumo

Este trabalho tem como propósito discutir os desdobramentos do ensino de língua portuguesa pelo olhar do estagiário de Letras. Para isso, aciono como corpus as escritas que integram a referente experiência de formação, como projetos de regência, planos de aula e relatórios finais com a finalidade de compreender, por meio dos modos de dizer, como se estabelece a produção de conhecimento nessa esfera. Partindo do pressuposto de que a atividade intelectual do estagiário de qualquer licenciatura se constitui, essencialmente, no que está materializado em sua escrita, gerada na vivência do estágio, tem-se mostrado importante pesquisar a qualidade dessa produção e em que medida ela pode ser reconhecida como “de conhecimento”, haja vista que as escritas em curso no estágio supervisionado visam à materialização de práticas e momentos didáticos agenciados pelo próprio professor em formação para leitura e ciência de terceiros. Sendo assim, quais conhecimentos sobre o ensino de língua portuguesa se sobressaem considerando as múltiplas vozes em jogo na escrita do estagiário e a impressão de acabamento e conclusibilidade dada ao texto, apesar das dissonâncias dialógicas? A partir da análise dos dados, relacionada às problematizações desenvolvidas por pesquisadores da área de estágio, a produção de conhecimento no contexto de formação docente mostrou-se relacionada a um exercício discursivo que toma as vozes teóricas e prescritivas como financiadoras do dizer do estagiário em detrimento da descrição e da sistematização do fazer em sala de aula.

Referências

BARZOTTO, V. H. Leitura, escrita e relação com o conhecimento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2016.

FAIRCHILD, T. M. A constituição do dado em escritos sobre a prática de ensino de língua análise discursiva de relatórios e artigos. Trabalho em Linguística Aplicada, Campinas, n (55.3): 757-776, set./dez. 2016.

FAIRCHILD, T. M. A escrita escuta? Análise polifônica de relatórios de estágio. Raído, Dourados, MS, v. 12, n. 27, p. 267-291, jan./jun. 2017b.

FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola, 2009.

GERALDI, J. W. O texto na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Ática, 2011 [1984].

LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MORAES, D. M. A. de; FAIRCHILD, T. M. Discursos construídos: narrativas escritas pelo professor/estagiário. Recorte, Três Corações, MG, v.15, n. 1, p. 1-18, jan./jun. 2018.

MOREIRA, A. N.; BARBOSA, M. V. Escrita sobre as práticas de ensino e apropriações das teorias linguísticas: uma análise discursiva dos relatórios de estágio supervisionado. Revista InterteXto, Uberaba, MG, v. 11, n. 01, p. 55-77, 2018.

RIOLFI, C. R.; BARZOTTO, V. H. A escrita de diários de campo por alunos de letras. Da aula observada à produção do dado relevante. Ensayos Pedagógicos, v. 1, p. 23-39, 2020.

Downloads

Publicado

2023-05-26

Como Citar

ZAIDAN BICALHO FONSECA, J. Produção de conhecimento sobre o ensino de Português: o que a escrita dos estagiários pode nos dizer acerca disso?. Revista Triângulo, Uberaba - MG, v. 16, n. 1, p. 80–98, 2023. DOI: 10.18554/rt.v16i1.6777. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistatriangulo/article/view/6777. Acesso em: 21 dez. 2024.