Ensino de Biologia em contextos de (in)justiças socioambientais e do antropoceno
o direito da natureza para desenfurnar os currículos
DOI:
https://doi.org/10.18554/rt.v18iEsp.1.7956Palavras-chave:
Ensino de Biologia, Justiça Ambiental, Direitos da Natureza, AntropocenoResumo
Sendo um conceito em disputa, a ideia de Natureza tem seus antecedentes numa perspectiva antropocêntrica, e quando lhe atribuem direitos, proveniente de outras cosmovisões, deve ser redefinida para se deslocar em direção ao biocentrismo. O reconhecimento de valores próprios e a atribuição de direitos modificam o sentido que se dá ao sujeito que os recebe, incorporando também outros saberes e sentimentos. Este ensaio teórico, tece diálogos pensando no papel do ensino de Biologia, frente às (in)justiças ambientais, a partir das relações entre as vulnerabilidades socioambientais e as questões raciais, e que aparentemente encontram-se dissociadas no currículo de biologia, em uma “dupla fratura” e o caráter antropocêntrico que envolve os termos justiça e Natureza, onde a justiça é predominantemente entendida como assunto entre humanos e a Natureza é o campo no qual a atividade humana, para além da objetificação, reforça a compreensão da existência de justiça ambiental para fins apenas da espécie humana. Em articulação com a racialidade, a colonialidade e o biocentrismo, o objetivo deste foi enfatizar a necessidade de outros modos de pensar a justiça ambiental reposicionando o papel do ensino de biologia para uma educação para a justiça social e a justiça da Natureza.
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