A colonialidade do saber e as possibilidades outras para o Ensino de Ciências

um relato a partir de encontros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18554/rt.v18iEsp.1.8008

Palavras-chave:

Ensino de Ciências e Biologia, Colonialidade do Saber, Diálogos Interculturais

Resumo

Dados os sistemas de exploração e a crise climática e humanitária que se agravam, é fundamental refletir sobre o paradigma científico, principalmente na América Latina. Este relato de experiência é produto de uma palestra ministrada no VI EREBIO realizado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, articulada a percepção sobre as discussões e pautas emergentes durante o evento. O objetivo consiste em questionar a raiz cientificista da ciência moderna e apontar possíveis caminhos interculturais para ensino de ciências. Percebe-se nas ciências naturais e exatas uma objetividade e isolamento dos objetos de estudo que não se verificam na natureza, e, portanto, oferecem uma interpretação incompleta do todo que busca a descrição e o domínio do mesmo. No entanto, se pensarmos os conhecimentos construídos por povos originários e comunidades tradicionais a partir da relação com a natureza e suas dinâmicas, alcançamos uma leitura complexa e multidimensional dos organismos e fenômenos naturais e da relação com a sociedade, o que poderá subsidiar a construção de outro modo de nos relacionarmos com o ambiente, frente a crise socioambiental que avança. Assim, outras possibilidades para a ciência, vinculadas ao território, ao corpo e a biodiversidade apresenta potencialidades para o ensino comprometido com transformações socioambientais.  

Biografia do Autor

  • Vitoria Costa Assis, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

    Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM (2020) tendo participado durante a graduação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID de março de 2017 a fevereiro de 2018, e do Programa Residência pedagógica de outubro de 2018 a janeiro de 2020. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Interculturalidade e Educação em Ciências - GEPIC de agosto de 2018 até a atualidade. Mestre em Educação (2022) e Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Desenvolve pesquisa nas grandes áreas de ensino de ciências e interculturalidade, especificamente na educação do campo e conflitos socioambientais.

  • Danilo Seithi Kato, Universidade de São Paulo

     Atualmente é docente na Universidade de São Paulo (USP), no Departamento de Educação, Informação e Comunicação - DEDIC. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (2003). É credenciado, como professor permanente, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESP (Rio Claro) e no PPGE da UFTM. Também é colaborador voluntário do Centro de Investigações de Metodologias Educacionais Alternativas Conexão (CIMEAC), associação sem fins lucrativos e de interesse público com enfoque em estudos sobre Educação Popular. Tem experiência na área de Educação, com ênfase na formação de professores e em metodologia de ensino de ciências/biologia, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de ciências, educação ambiental, educação popular, interculturalidade e decolonidade na educação.

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Publicado

2025-09-09

Como Citar

ASSIS, Vitoria Costa; KATO, Danilo Seithi. A colonialidade do saber e as possibilidades outras para o Ensino de Ciências: um relato a partir de encontros. Revista Triângulo, [S. l.], v. 18, n. Esp.1, p. e025021, 2025. DOI: 10.18554/rt.v18iEsp.1.8008. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistatriangulo/article/view/8008. Acesso em: 6 dez. 2025.