Decolonialidade e ressignificação da figura da bruxa em “Eu, tituba: bruxa negra de Salem”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18554/rs.v11i1.6326

Palavras-chave:

Bruxa, Feitiçaria, Caça às bruxas, Decolonialidade, Maryse Condé

Resumo

Este artigo evidencia a força da narrativa histórico-metaficional como mobilização decolonial, ao observar a ruptura do silêncio da História sobre uma questão de forma a ressignificá-la. O corpus do trabalho é o romance de Maryse Condé, “Eu, Tituba: bruxa negra de Salem” (2019), inspirado na acusação e condenação da negra escravizada Tituba Indien pelo crime de bruxaria. Trata-se de ficção histórica que fomenta o reconhecimento e ressignificação cultural do corpo, gênero e cosmovisão da mulher negra, a partir da figura da bruxa e do mito da feiticeira. A trama central se passa na aldeia de Salem, na Massachusetts colonial, de 1692, período emblemático de histeria em massa na América Colonial, quando se teria realizado a perseguição àqueles considerados hereges: foi a chamada caça às bruxas. Em nota, Condé atribui a lacuna de dados históricos, sobre a origem e destino de Tituba, antes e depois da prisão, ao racismo consciente ou inconsciente dos historiadores e a preenche com uma cativante narrativa, realizada pela protagonista que divide seu papel de narradora com a voz de um narrador maior que interfere, historiciza e avalia várias das ações realizadas na trama. A autora se vale da linguagem literária para a realização de uma obra instigante e, excepcionalmente, alinhada com teóricos contemporâneos a respeito da decolonização cultural

Biografia do Autor

Roseli Hirasike, PUC-SP

Graduada em Letras, tradutor e intérprete / inglês, pelo Centro Universitário Ibero-Americano (1989) e em Direito pela Universidade de Guarulhos (1996). Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2014). Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Crítica Literária, da PUC-SP e participa do Grupo de Pesquisa “Categorias da Narrativa”, inscrito no Diretório dos Grupos CNPq e do Grupo de Estudos “Literaturas e Ditaduras”, ambos da PUC-SP.

Vera Bastazin, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC-SP

Possui graduação em Língua e Literatura Francesas e Língua e Literatura Portuguesas; Mestrado e Doutorado em Comunicação e Semiótica/ Literatura, pela PUC/SP, onde atualmente é Professora-Associada. Participou nessa mesma Universidade, da fundação do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Crítica Literária (Mestrado e Doutorado), do qual foi coordenadora por quatro gestões. Ministra aulas nos cursos de Graduação em Letras e do Programa de Pós-graduação em Literatura e Crítica Literária. Sua atuação ocorre nas áreas de Teoria Literária, Literatura Comparada - destacadamente Literatura Brasileira e Portuguesa. Realizou estágio Pós-Doutoral, com Bolsa FAPESP, na Universidade do Minho, em Braga, sob a supervisão do Prof. Dr. Vitor Manoel de Aguiar e Silva. Suas pesquisas estão centradas no romance contemporâneo. Participou da Diretoria da ABRALIC (2007-08) e da Diretoria da ANPOLL (2015-16). Publicou, nos últimos anos "Mito e Poética na Literatura Contemporânea - um estudo sobre José Saramago". Ateliê Editorial, 2006, 2.ª edição/2019. Em 2007, como resultado de pesquisa desenvolvida com professores de Filosofia, História e Literatura, lançou "Literatura Infantil e Juvenil: uma proposta interdisciplinar". Editora Articulação Universidade/Escola; em 2011, "Poesia Contemporânea; Brasil/Portugal". São Paulo: EDUC/ CAPES; e, em 2017, "Literatura e Ensino: territórios em diálogo". São Paulo, EDUC/Capes . Possui, também, vários ensaios, artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior. É líder do Grupo de Pesquisa "Categorias da Narrativa", inscrito no Diretório do Grupos de Pesquisa do Brasil/ CNPq, desde 2008. (Fonte: Currículo Lattes)

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Hirasike, R., & Bastazin, V. . (2022). Decolonialidade e ressignificação da figura da bruxa em “Eu, tituba: bruxa negra de Salem”. Revista Do Sell, 11(1), 1–21. https://doi.org/10.18554/rs.v11i1.6326