Decolonialidade e ressignificação da figura da bruxa em “Eu, tituba: bruxa negra de Salem”
DOI:
https://doi.org/10.18554/rs.v11i1.6326Palavras-chave:
Bruxa, Feitiçaria, Caça às bruxas, Decolonialidade, Maryse CondéResumo
Este artigo evidencia a força da narrativa histórico-metaficional como mobilização decolonial, ao observar a ruptura do silêncio da História sobre uma questão de forma a ressignificá-la. O corpus do trabalho é o romance de Maryse Condé, “Eu, Tituba: bruxa negra de Salem” (2019), inspirado na acusação e condenação da negra escravizada Tituba Indien pelo crime de bruxaria. Trata-se de ficção histórica que fomenta o reconhecimento e ressignificação cultural do corpo, gênero e cosmovisão da mulher negra, a partir da figura da bruxa e do mito da feiticeira. A trama central se passa na aldeia de Salem, na Massachusetts colonial, de 1692, período emblemático de histeria em massa na América Colonial, quando se teria realizado a perseguição àqueles considerados hereges: foi a chamada caça às bruxas. Em nota, Condé atribui a lacuna de dados históricos, sobre a origem e destino de Tituba, antes e depois da prisão, ao racismo consciente ou inconsciente dos historiadores e a preenche com uma cativante narrativa, realizada pela protagonista que divide seu papel de narradora com a voz de um narrador maior que interfere, historiciza e avalia várias das ações realizadas na trama. A autora se vale da linguagem literária para a realização de uma obra instigante e, excepcionalmente, alinhada com teóricos contemporâneos a respeito da decolonização cultural
Referências
BARROS, M. N. A. de. As Deusas, as bruxas e a Igreja: séculos de perseguição. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, 2001.
BENJAMIM, W. Magia e técnica, arte e política. Tradução de Paulo Sérgio Rouanet. 3ª ed., São Paulo: Brasiliense, 1987.
CAPEZ, F. Sistema acusatório e garantias do processo penal. Controvérsias jurídicas. 2021. Disponível em: . Acesso em: 03 Jul 2022.
CHKLÓVSKI, V.. A arte como procedimento. In: TOLEDO, Dionísio de Oliveira (org.). Teoria da Literatura: formalistas russos. 3. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1976, p. 39-56.
CONDÉ, M. Eu, Tituba: bruxa negra de Salem. Prefácio de Conceição Evaristo. Tradução de Natália Borges Polesso. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.
GIBSON. M. Witchcraft and Society in England and America 1550-1750. London: Continuum, 2003.
GINETTE, Gérard. Paratextos editoriais. Trad. de Álvaro Faleiros. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.
GINZBURG, C. Andarilhos do bem. Trad. de J. Batista Neto. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
GINZBURG, C. História noturna. Trad. de N.M. Louzada. São Paulo: Cia das Letras, 2012.
GONÇALVES, B. S.. [Fev/2020]. Pensamento Descolonial: Descolonização e decolonização. São Paulo: Casa do Saber. Debate promovido dentro da série “Quem somos nós”, com mediação de Celso Loducca. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8HKVl1G3agI. Acesso em 23 Jul 2022.
HANCIAU, N. A feiticeira no imaginário ficcional das Américas. Rio Grande: Furg, 2004.
HESÍODO. Teogonia, a origem dos deuses. Estudo e tradução de J. A. A. Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995.
HOMERO. Odisséia. Tradução de M. O. Mendes. São Paulo: Montecristo, 2012.
JUNG, C. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução de Maria Luiza Appy. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
LUGONES, M. Colonialidade e gênero. Jul 2022. Colonialidade e gênero. Disponível em: <https://cpdel.ifcs.ufrj.br/wp-content/uploads/2020/10/Maria-Lugones-Colonialidade-e-genero.pdf>. Acesso em: 01 Fev 2023.
OYEWÙMI, Oyèronké. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Tradução de W. F. do Nascimento. São Paulo: Bazar Tempo, 2021.
RUSSEL J.; ALEXANDER, B. História da Bruxaria. Tradução de A. Cabral e W. Lagos. São Paulo: Aleph, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores do manuscrito deverão preencher e assinar a Declaração de Responsabilidades e Transferência de Direitos Autorais, que deverá ser anexada, pelo autor responsável pela submissão, no passo 4 do processo de submissão no sistema da revista (Clicar na opção “Browse”, selecionar o arquivo que deve ser inserido no formato pdf, clicar no botão “Transferir”, no campo “Título” digitar: Declaração de responsabilidades, depois clicar no botão “Salvar e Continuar” e prosseguir com o processo de submissão).
A Revista SELL da Universidade Federal do Triângulo Mineiro está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em www.uftm.edu.br.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em
http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/sell/index