A VARIÁVEL SEXO/GÊNERO NA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE OS DADOS LINGUÍSTICOS
DOI:
https://doi.org/10.18554/it.v13i2.5122Palavras-chave:
Sexo/Gênero, Sociolinguística, Concordância Verbal.Resumo
Por muitos anos o sexo/gênero foi observado nos estudos sociolinguísticos como um condicionador social importante capaz de explicar a variação e mudança de um fenômeno linguístico. A tendência observada na maioria dos trabalhos sobre variação é que as mulheres utilizam mais que os homens as formas conservadoras, apontando, dessa forma, a preferência por variantes com maior prestígio. Entretanto, muitos estudos atestaram que as mulheres também são inovadoras, contrariando a tendência geral dos estudos sociolinguísticos. Isso se explicaria, portanto, com a mudança na estrutura social, uma vez que as mulheres de hoje estão andando a passos largos no alcance de paridade educacional e econômica com os homens, o que é um resultado do movimento feminista que advém de tempos passados e, felizmente, ainda conta com mulheres engajadas na mudança desse quadro social tão enraizado na nossa sociedade. O ponto que desejamos enfatizar neste trabalho, na verdade, é a maneira como devemos olhar para esses resultados de sexo/gênero. É preciso levar em consideração que os resultados dessa variável são, em muitos estudos, circulares, por falta de uma discussão mais acurada sobre o papel da variável no condicionamento, com construções de hipóteses previamente à realização da análise. Além disso, nos resultados de sexo/gênero, muitas das explanações são baseadas em generalizações cuja segurança é questionável, do ponto de vista estatístico (FREITAG, 2015, p. 39).
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